sexta-feira, 25 de julho de 2008

Um olhar

“Um olhar vale mais do que mil palavras”, dizia um dia a minha avó à sua vizinha e estimada comadre. “Não Sei”, diz a vizinha, olhando para a minha pequena figura. “Olá Catarina, tens uns bolos na cozinha acabados de fazer, meu amor”. Sempre a mesma doçura a minha avó. Sabia o quanto eu gostava daqueles mimos que um dia recordei saudosa anos mais tarde. Mas naquele tempo, era apenas uma criança de 8 anos e não percebia que não era dos bolos que gostava realmente, mas sim do carinho da minha avó.

“Avó…tens a certeza que um olhar” e fui interrompida, pelo seu olhar. “Ainda és muito nova para compreender, mas é verdade”. Fiquei intrigada e segui para a cozinha a pensar, ou pelo menos a tentar arranjar uma explicação para o facto de os olhos falarem. Estranho…da boca saem sons que resultam em palavras ou não fossemos nós muito inteligentes. Era o que o meu pai dizia. Agora nunca vi ninguém falar sem mexer a boca. Que confusão pensei eu e voltei a correr para a Sala. “Então Catarina, o que tens? Não me digas que os bolos não estão bons?!?!?” e sorriu. “Ou deixa-me adivinhar…sendo tu uma curiosa vieste fazer uma pergunta”. Era nestas alturas que pensava que a minha avó tinha uma capacidade telepática e lia-me os pensamentos. Era impressionante. Cheguei a comentar com a Ana, a minha melhor amiga da altura que a minha avó devia ser uma feiticeira, porque tinha poderes realmente mágicos. “Avó…os olhos realmente falam?”. Devo ter feito uma cara estranha porque ambas se riram. Não de troça, mas de prazer, prazer que percebi anos mais tarde é um prazer delicioso e único: ver uma criança crescer. “Catarina, os olhos falam mais que mil palavras e recorda-te disso quando fores grande”. “Mas avó…”, “delicioso Catarina, não é nenhum poder mágico”. Nesse momento senti um orgulho enorme. Eu era descendente realmente de uma feiticeira. E tomara que seja mesmo hereditário. Ela não só interpreta os olhos como me lê os pensamentos porque de seguida, levantou os braços e fez uns sonhos estranhos. Avançou para mim e confesso que por momentos tive medo, porque pensei que seria como a Feitiçeira de um livro que me lera um dia e me lançaria um feitiço que me tornaria verde. Recuei mas fiquei sem conseguir fugir e num impulso ela salta e fecho os olhos, para de seguida abri-los a meio de um ataque de cócegas. Tinha sido novamente apanhada pelo monstro das cócegas. Tal como muita coisa que vivemos e armazenamos interiormente, a história do olhar passou-me ao lado. Mas anos mais tarde, percebi que realmente os nossos olhos exprimem muito melhor que as palavras o que sentimos. E eu tinha razão numa coisa, a minha avó era uma feiticeira. Não no sentido místico e fantástico, mas pela forma como vivia e mo dizia com o seu olhar profundo e Tranquilizador. Vivemos tão embrulhados pela vida que corre que até os olhos ficam frios e parados no tempo…talvez se deixássemos por eles fluir o que sentimos, fossemos realmente felizes!!!!

Sem comentários:

E como está na moda ter uma web page, ou um blog...atenção que não é página da internet...gosto particularmente do da...mas em português soa estranho. Web Page é bem mais fofo. Dizia eu...decidi então depois de meses de introspecção colocar as mãos na massa e criar um blog...ok...fui forçada a e ameaçada ahahahah e como informática que sou por erro e desvio do destino...um Blog bem moderno e cheio de efeitos fantásticos. Vão ter é de colocar os óculos 3D ... e avisam-se os mais sensíveis pelo conteúdo ...ahahahahah